porque decidi
começar um poema
pelo medo
decido começar
outro poema
sem medo
mas todo o tempo
o medo nos ronda
e sua presença
não diminui o que há
de poesia no olhar
vejo
respiro
e escrevo
o medo
e escrito
ele é só uma palavra
da qual eu conheço
os segredos
ele está de pé
ao meu lado
lendo o que escrevo
sendo esses segredos
que eu sei
mas não revelo
porque também
são meus
porque decidi
começar o poema
pelo medo
resolvo também por
medo no fim
ou fim no medo
que seja assim
Tag: medos
um pé fora da zona de conforto
nem sempre
estamos prontos
para o novo
adiamos fins
para evitar
novos começos
escolhemos o conforto
medos conhecidos
portas já abertas
caminhos iguais
mas não somos
sempre os mesmos
nós e os medos
somos sempre
outros
luz-e-som
muita luz
para ofuscar
as sombras
que sobram
sobre mim
muita luz
para calar
os medos
que medem
quem sou
muita luz
pra acalmar
a ansiedade
que ansia
uma voz
outras
coragens
pra ser
de novo
luz
se sabendo
sombra
à mercê das marés
aqui,
sem rumo,
escrevo o tempo
que perco.
aqui,
agonizando no
tempo que passa,
não consigo
passar…
aqui,
sofrendo medos
nem sempre reais,
medos-fantasmas
que me atormentam
acordada…
aqui,
sem rumo
nem rota
nesse dia-barco
que navego
sem mapa,
sigo inteira
deslatitude
escrevendo
à mercê
das marés…